Agamben, em
seus ensaios, se propõe a investigar o problema do tempo, diz que uma revolução
não muda o mundo, muda a experiência de tempo. A revolução é uma “constante
interrupção da cronologia por um tempo outro”.
Ao
falar sobre “dispositivo”, o autor trata bastante do conceito de “oikonomia”
(gestão da casa, em grego), que depois é traduzida para o latim “dispositio”.
Depois de fazer uma investigação etnológica da palavra “dispositio”, o autor
diz que o dispositivo passa a ser “qualquer coisa que tenha de algum modo a
capacidade de captar e assegurar os gestos, as condutas, as opiniões e os
discursos dos seus viventes”. Ressaltamos que dessa relação entre corpos
viventes e dispositivos nasce o sujeito.
Agamben
aponta que o termo “dispositivo” é decisivo na estratégia do pensamento de
Foucalt. O dispositivo é uma formação que vem no momento de responder a uma
urgência, está sempre inscrito num jogo de poder.
Ao
falar sobre o contemporâneo o autor retoma a questão do tempo e aponta que a
contemporaneidade é a relação com o próprio tempo; é a relação que a este adere
através de uma dissociação e um anacronismo. Ser contemporâneo é se colocar
numa situação de quebra. O autor irá discutir o conceito em torno de outros
conceitos, como: intempestivo, escuridão e arcaico.
Ao
citar Nietzsche compreende-se a contemporaneidade como uma condição
intempestiva, seria a desconexão e dissociação do tempo presente. Mais adiante
Agamben falará do contemporâneo em relação ao escuro. O contemporâneo, nesse
caso, seria aquele que mantém o olhar no seu tempo para nele não se perceber as
luzes, mas o escuro, ou seja, neutralizar as luzes e descobrir as trevas;
entender o silêncio quando a música está demasiadamente alta.
Ser contemporâneo, para o autor, é um ato de coragem. “A contemporaneidade se escreve no presente assinalando-o antes de tudo como arcaico”, ou seja, que está próximo da origem.” A atenção dirigida a esse não vivido é a vida do contemporâneo. E ser contemporâneo, neste sentido, é “voltar ao presente que jamais estivermos”.