segunda-feira, 31 de agosto de 2015

AGAMBEN. O que é contemporâneo. E outros ensaios.



Agamben, em seus ensaios, se propõe a investigar o problema do tempo, diz que uma revolução não muda o mundo, muda a experiência de tempo. A revolução é uma “constante interrupção da cronologia por um tempo outro”.




                Ao falar sobre “dispositivo”, o autor trata bastante do conceito de “oikonomia” (gestão da casa, em grego), que depois é traduzida para o latim “dispositio”. Depois de fazer uma investigação etnológica da palavra “dispositio”, o autor diz que o dispositivo passa a ser “qualquer coisa que tenha de algum modo a capacidade de captar e assegurar os gestos, as condutas, as opiniões e os discursos dos seus viventes”. Ressaltamos que dessa relação entre corpos viventes e dispositivos nasce o sujeito.




                Agamben aponta que o termo “dispositivo” é decisivo na estratégia do pensamento de Foucalt. O dispositivo é uma formação que vem no momento de responder a uma urgência, está sempre inscrito num jogo de poder.




                Ao falar sobre o contemporâneo o autor retoma a questão do tempo e aponta que a contemporaneidade é a relação com o próprio tempo; é a relação que a este adere através de uma dissociação e um anacronismo. Ser contemporâneo é se colocar numa situação de quebra. O autor irá discutir o conceito em torno de outros conceitos, como: intempestivo, escuridão e arcaico.




                Ao citar Nietzsche compreende-se a contemporaneidade como uma condição intempestiva, seria a desconexão e dissociação do tempo presente. Mais adiante Agamben falará do contemporâneo em relação ao escuro. O contemporâneo, nesse caso, seria aquele que mantém o olhar no seu tempo para nele não se perceber as luzes, mas o escuro, ou seja, neutralizar as luzes e descobrir as trevas; entender o silêncio quando a música está demasiadamente alta.


                Ser contemporâneo, para o autor, é um ato de coragem. “A contemporaneidade se escreve no presente assinalando-o antes de tudo como arcaico”, ou seja, que está próximo da origem.” A atenção dirigida a esse não vivido é a vida do contemporâneo. E ser contemporâneo, neste sentido, é “voltar ao presente que jamais estivermos”.