segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Tenho me sentido sozinha. Não estou me sentindo bonita, embora tudo o que eu mais quisesse fosse me sentir uma grávida radiante com o meu pequeno raio de sol dentro de mim. 


Queria ter uma família toda me paparicando, todos perguntando da nossa filha. Queria uma mãe que estivesse pronta pra ser avó, pra me acolher, me ajudar nos primeiros dias. Queria um pai feliz em ser avô e preocupado comigo. Mas parece que tudo o que eu quero nunca pode se realizar. E eu tenho que viver eternamente tentando aprender a aceitar tudo. 


Talvez eu tenha nascido pra ser sozinha. Nem para o meu marido eu tenho conseguido ser uma companhia agradável. Também queria ele me paparicando, me dando os beijos que ele me dava antes, com paixão. Queria ele passando creme na minha barriga, ver ele apaixonado pela nossa filha também. 


Tem sido pesado não ter outras pessoas para dividir minhas dores. Não é tão simples se aceitar e aceitar que tudo pra mim sempre parece mais difícil. Queria me sentir uma mulher poderosa, decidida, mas depois de perceber que eu só tenho ele, eu não consigo mais resolver nada. Não quero sequer correr o risco de perder a única pessoa que eu tenho. Embora pareça já ter perdido um pedaço. 


A gravidez tem me trazido um peso a mais. Agora preciso ser forte em dose dupla.  E ainda tenho que esconder minhas fragilidades. Já não posso dividir meus medos com ele. 


Tudo dói. Meu corpo, minha alma, meu coração. Só desejo muito que minha filha possa estar num lugarzinho seguro em mim, sem dor, sem sofrimento, sem tudo o que invade a minha cabeça. 


É difícil não ter família. Não ter um lar. Difícil não me achar a pessoa mais incrível desse mundo. Foram quase 30 anos me sentindo só mais uma pessoa no mundo, como posso me sentir especial?!


Eu só tenho vontade de chorar. Vontade de me recolher dentro de mim e abraçar a minha filha. 


Será que um dia vou conseguir me sentir plena? Será que toda essa angústia vai acabar e eu vou poder me sentir liberta desse sofrimento que é viver sendo assim? Porque o que eu sinto é tudo correndo pelos dedos. E as pessoas não conseguindo enxergar as minhas dores. E querendo prazo pra tudo se resolver… 

terça-feira, 16 de agosto de 2022

Eu só queria que tudo fosse como eu sempre sonhei. Queria poder ligar pra minha mãe e contar cada novidade que tenho descoberto nessa nova fase. 


Queria até não ter descoberto que tenho um pai narcisista. Talvez fosse uma forma de manter um pouco de carinho. Mas a vida não é assim. A vida é essa gangorra que não para nunca. 


É difícil não poder ir ou esperar os pais num almoço de domingo. É difícil saber que para o meu pai só ele importa. Só o sentimento dele é válido. Só a vida dele e os seus desejos é que valem. 


Eu me sinto órfã. Minha mãe parece estar desconectada dessa realidade. Nossas ligações duram menos de um minuto, às vezes, porque não temos o que falar. Antes tudo era diferente. Minha mãe falava, se abria, confidenciava seus sentimentos, me perguntava sobre todas as coisas. Tudo isso acabou. 


Meu pai, gostava de mim enquanto era conveniente. É triste dizer isso? É, óbvio! Mas é isso. Pessoas narcisistas são assim. Precisou ter sido chamado atenção pra me parabenizar pela minha nova fase tão esperada. O tempo todo ele faz cara de paisagem. Ele é indiferente a mim. E eu tenho aprendido a aceitar que minha vida será diferente daqui em diante. 


O que eu desejo é poder seguir e permitir que a minha nova família siga um caminho diferente.