Eu só queria que tudo fosse como eu sempre sonhei. Queria poder ligar pra minha mãe e contar cada novidade que tenho descoberto nessa nova fase.
Queria até não ter descoberto que tenho um pai narcisista. Talvez fosse uma forma de manter um pouco de carinho. Mas a vida não é assim. A vida é essa gangorra que não para nunca.
É difícil não poder ir ou esperar os pais num almoço de domingo. É difícil saber que para o meu pai só ele importa. Só o sentimento dele é válido. Só a vida dele e os seus desejos é que valem.
Eu me sinto órfã. Minha mãe parece estar desconectada dessa realidade. Nossas ligações duram menos de um minuto, às vezes, porque não temos o que falar. Antes tudo era diferente. Minha mãe falava, se abria, confidenciava seus sentimentos, me perguntava sobre todas as coisas. Tudo isso acabou.
Meu pai, gostava de mim enquanto era conveniente. É triste dizer isso? É, óbvio! Mas é isso. Pessoas narcisistas são assim. Precisou ter sido chamado atenção pra me parabenizar pela minha nova fase tão esperada. O tempo todo ele faz cara de paisagem. Ele é indiferente a mim. E eu tenho aprendido a aceitar que minha vida será diferente daqui em diante.
O que eu desejo é poder seguir e permitir que a minha nova família siga um caminho diferente.