Quando parei percebi que para pensar me sinto
melhor caminhando. O ritmo das minhas pernas apropria-se do espaço e essa é a
cadência perfeita para refletir.
Sim, eu preciso ir. Andando eu me sinto segura,
dinâmica, em sintonia com as vozes na minha cabeça e fugas de eco sinfônico de
minha garganta.
Caminho e penso. Penso e aterrorizo-me num
eterno movimento que me transporta como um objeto atômico de um lugar para
outro. Quando a mente está nublada sei que preciso andar.
Andando me livro dos medos, transformo a cidade
que habita em mim. Reformulo paisagens urbanas ao meu redor e imagino um pouco
mais verde, mais cor e menos cinza.
Caminhando me encontro e me perco mil vezes,
dando espaço para os pensamentos que borbulham dentro de mim.