“No mundo, há essas
pequenas pedras preciosas,
que desafiaram os caminhos do mundo, pois podiam
olhá-lo com olhos diferentes. Seu pensamento era
distinto e nem todos os entendiam. Eles enfrentaram
oposição e, ainda assim, venceram, e o mundo ficou maravilhado”.
que desafiaram os caminhos do mundo, pois podiam
olhá-lo com olhos diferentes. Seu pensamento era
distinto e nem todos os entendiam. Eles enfrentaram
oposição e, ainda assim, venceram, e o mundo ficou maravilhado”.
Assistir “Como Estrelas na Terra” foi muito
emocionante! Além de ser um filme muito especial, dialoga com o conto que escrevi há pouco tempo, “A dona
Perfeição” – que feliz coincidência!
O filme retrata a história de um garoto com dislexia.
Ishaan é uma criança que
vive cercada de pessoas incapazes de compreender sua diferença. A
falta de trato de sua família, a incompreensão dos professores rigorosos do
colégio, e a falta de cuidado das crianças que o rodeiam produzem crescentes barreiras
nas relações de Ishaan com o mundo.
As músicas que perpassam as cenas do maravilhoso filme
indiano são parte importantíssima na construção da história; aliadas às imagens
do protagonista, traduzem sua visão de mundo e a percepção que constrói dos
fatos – o que revela a absoluta impossibilidade de redução das múltiplas
facetas de sua existência à realidade da dislexia.
Primeiro, observamos por parte da família de Ishaan a
tentativa de se moldar a uma vida demasiadamente regrada. Toda sua família vive se adaptando a
horários, compromissos, e se esquece de viver as coisas belas da vida! Na
escola, as crianças são privadas da liberdade, os alunos devem apenas escutar,
obedecer e seguir regras de organização. Para Ishaan as coisas não fazem
sentido – “Seus olhos berram por socorro” -, os questionamentos são tantos que
o nervosismo toma conta de seu corpo. O menino passa a se comportar mal na
tentativa de fugir das situações.
Todas essas ocasiões desagradáveis fazem com que seu pai
se torne agressivo e pense que ele é um menino desrespeitoso, preguiçoso e
desatento. Ao invés de ter o apoio da família, Ishaan vai aos poucos se
isolando de tudo e de todos. O que fazer para Ishaan reagir? O pensamento
egoísta de seus pais leva-o a um colégio interno. O pobre garoto inicia seus
pesadelos na solidão daquele lugar.
Neste momento aquele velho ditado de que “a mãe sempre
sabe o que é melhor para o filho” é desconstruído. Sua mãe – muito passiva –
não é capaz de enfrentar o pai e entender o que se passa com Ishaan. O garoto
acaba por sofrer as consequências! Naquele colégio o que deve reinar é a
disciplina. As crianças devem agradar aos seus professores, isso basta! Longe
de todos que ama, torna-se um menino apático, sem vontade de interagir, sem
curiosidade, sem alegria; Inicia-se um processo de autodestruição.
Então, surge um professor de Educação artística, Nikumb.
É uma pessoa sensível cheia de visões “humanizadoras” em relação ao ensino. No
início, é um professor muito criticado por todos os outros membros docentes do
colégio que preparam os seus alunos para a “batalha da vida”. Iniciamos
reflexões acerca do real papel do educador. Como podemos admitir que adaptar as
crianças a um mundo competitivo e alienante pode ser a função de um professor?
Nikumb inicia uma investigação para descobrir qual é o
real problema de Ishaan. Analisa os seus cadernos, conversa com o seu único
colega e percebe que existe algo diferente – mas especial – naquele garotinho
tristonho. O professor, então, resolve procurar os seus pais. Chegando lá ele
não só diz o que está se passando com Ishaan, como também faz seus pais
refletirem quanto as implicações de se ter um filho. Indignado, o professor
percebe que o seu pai está preocupado com seus próprios desejos; sua preocupação
maior é se ele terá de “bancar” seu filho por toda a vida. Não importa se seu
filho está infeliz!
De volta ao colégio, Nikumb começa a instigar Ishaan a se
interessar pelos estudos. Os progressos começam a surgir. O pai de Ishaan
aparece um dia no colégio para conversar com o professor de artes que lhe fala
sobre a importância de apoiar o filho, de encorajá-lo e lhe dar carinho. Ishaan
passa a compreender as atividades e identificar-se com o professor que entende
seu mundo.
Quando
o filme vai chegando ao fim: professores, alunos, pais e Ishaan reconhecem as
limitações de cada um. Numa das cenas mais lindas do filme – num concurso de
desenho, que Ishaan vence – a felicidade volta a aparecer na face daquele
garoto. O reconhecimento, a sensibilidade, e a busca pelo conhecimento – pelas
mais diversas vias – são algumas das lições que ficam em nossos pensamentos.
Seria muito importante que cada um tomasse consciência do que é SER humano, pois a forma de tratamento entre as pessoas nos dias atuais está cada vez mais distante... É preciso, pois, envolvimento. Somos todos irmãos, esse é o pensamento que deve prevalecer entre a dita raça mais evoluída das espécies: os humanos!
ResponderExcluirQue belo comentário!!! Tens toda razão!
ExcluirÉ uma pena perceber que o ser humano vivência a si mesmo, seus pensamentos como algo separado do resto do mundo - numa espécie de ilusão de ótica de sua consciência. E essa ilusão é uma espécie de prisão que nos restringe a nossos desejos pessoais, conceitos e ao afeto por pessoas mais próximas. Nossa principal tarefa é a de nos livrarmos dessa prisão, ampliando o nosso círculo de compaixão, para que ele abranja todos os seres vivos e toda a natureza. Ninguém conseguirá alcançar completamente esse objetivo, mas lutar pela sua realização já é por si só parte de nossa liberação e o alicerce de nossa segurança interior.