terça-feira, 3 de setembro de 2019

Ainda sobre os ensinamentos da vovó

Então eu comecei a pensar que a gente também precisa aprender a amar. Mas eu era muito pequena pra aprender isso quando minha avó tentava me ensinar. 

Hoje, perto dos 30, fico refletindo sobre este processo de amadurecer e aprender que é interminável. A gente acha que faz aniversário e vira adulto, que tem um namoradinho e já sabe dos relacionamentos humanos. A gente acha que estes aprendizados surgem embrulhadinhos pra presente, que eles chegam e pronto. Agora eu tenho isso e está tudo certo. 

Eu sempre fui essa pessoa regrada com as coisas, cheia de planos e expectativas. O que isso me rendeu?! Muitas frustrações e eu ainda não aprendi muito com isso, infelizmente. 

Desde sexta-feira também tenho pensado sobre uma outra relação importante: a do “saber” e “fazer”. A pessoa diz: “se você sabe o que te faz mal, se você sabe o que faz de errado por quê não muda?”. 

Aí é que tá: o amor está, quase todo tempo, ligado ao “sentir”. A ideia do amor puro, sincero, quase oposto a razão faz com que a gente nunca pense em aprender a amar. O que a gente “faz” pra aprender a amar?

Durante quase toda a minha vida o amor era esse sentir, sentir em demasia. Amar significava encher de beijinhos aqueles que amamos, mas especialmente oferecer o que há de melhor em nós. E, muitas vezes, entre essas demonstrações surgiram alguns desafetos. O amor também sufoca. O amor também cobra. 

Quando a gente percebe que não sabe amar, dói. A gente nota que as pessoas agem diferente de nós e, por crer que estamos dando o nosso melhor, deixamos de acreditar que o outro nos ama também. A consequência disso tudo é diminuir o amor do outro. Desrespeitamos esse amor e quando nos damos conta dói mais. 

Amar, então, seria compreender essas diferenças e respeitar o outro como ele é, assim como também queremos ser compreendidos e aceitos pelo que somos, mas sem exageros. “Água demais mata a planta”. 

Ai, que difícil é o amor. Difícil são quase todas as coisas que decidimos “fazer” na vida. No entanto, tudo é mais difícil no começo. É como aprender a dirigir. No início você não coordena bem os pés, precisa olhar em qual marcha está pra prosseguir, esquece de dar seta porque precisa dar muitos comandos de uma vez só. Acho que no amor também é um pouco assim: aprender a admirar uma flor, o colorido da natureza, os animais, agradecer a beleza oferecida pelo sol cada vez que ele nasce e se põe também pode ser amor. 

Quando notamos que o amor é muito mais do que frases bonitas, beijos e abraços, começamos a praticar o amor. Cada uma das coisas que nos faz bem e que nos arrepia com a beleza, é a prática do amor. 

O amor, portanto, não é este sentir em exagero, muito menos é admirar o desconhecido. Nós podemos escolher a quem oferecer o nosso amor.  Acima disso, podemos escolher receber o amor do outro com leveza, numa troca saudável que surge naturalmente. 

No final das contas, o amor existe pra nos fazer bem. O amor está aí pra nós levar por caminhos de descobertas, sensações, respeito, compreensão e autoconhecimento. 

Só pra constar: ainda não aprendi a amar, mas dei o primeiro passo reconhecendo que é preciso aprender.

Nenhum comentário:

Postar um comentário