quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Volta, mãe.

Eu não imaginava que seria tão difícil. Eu não imaginava que seria possível sentir a perda de uma pessoa mesmo tendo-a próximo de nós. 
Frases sem sentido. Olhares perdidos no abismo do tempo que corre. 

As semanas vão passando e eu não a encontro. Suas mãos permanecem frias, seus olhos fundos, sua roupa anda larga, você não tem a voz doce e não nota se a gente deixou de comer. Por vezes você acha que eu morri. E de certa forma você está certa, parte do meu corpo está adormecido, é como se estivesse morto mesmo. 

A vida é tão sem graça sem você, mãe. Volta pra gente! Lembra de quando a gente fazia chocolate juntas porque eu amo presentear as pessoas? Lembra quando você me ensinou a fazer meias de crochê? E quando você me ensinou a fazer brigadeiro? Lembra de quando você me ensinou a costurar e fazer as barras da minha calça? Quanta coisa ainda tenho pra aprender com você? Muitas. Volta pra nossa vida. 

Volta a me dar bronca porque eu estou sem blusa de frio. Volta a me chamar de “tiquinho da mamãe”. Volta a pedir pra eu falar baixo quando me empolgo contando uma história. Volta a me chamar pra ir no mercado com você. Volta a pedir minha opinião sobre a roupa que você quer vestir. Volta a dizer que sente saudades de mim. 

Volta, mãe. 

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