Quando eu era pequena lembro-me de diversas vezes nas quais a minha avó dizia: “você ama demais, Thaysa. Não pode ser assim”. Eu tinha os meus 8 ou 9 anos. Não entendia muito bem o que ela dizia, porque afinal, se o amor é bom, amar demais não era um problema...
Amando demais eu não queria passear e distanciar-se da minha mãe. Amando demais eu recusava ir no McDonalds com os meus primos e não queria passar férias na casa das minhas tias.
Os anos passaram e eu nunca queria ficar longe da minha mãe. Ela era uma espécie de fada madrinha, a pessoa que nunca me deixava sem apoio, sem um sorriso, sem um alento.
Os anos se passaram e em 2012, pela primeira vez eu embarcava numa viagem que duraria meses. Por amar demais e não saber lidar com esse amor eu fui num táxi chorando copiosamente por mais de 70km até o aeroporto. Depois segui triste, apenas, pois já não havia mais lágrimas pra cair.
Mesmo assim eu não achava um problema amar demais. Porque na minha cabeça amar demais era se doar mais, era agradar mais, era zelar mais. E pra mim as coisas boas não precisavam de medida.
Mais um tempo se passou e quando completou 20 anos da morte da minha avó eu comecei a pensar nas coisas que ela dizia. As coisas começaram a fazer sentido e eu pensei: o que é bom também precisa de medida. O doce é bom, mas em excesso nos adoece.
Nenhum comentário:
Postar um comentário