terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Tudo parece ter chegado ao fim. Ao ponto mais fundo de todos. Não quero ver ninguém. Me sinto um nada. Me sinto uma pessoa fadada a sentir dor e culpa pelo resto dos meus dias. 

Mãe, sentirei sua falta. Já sinto tanta falta de quem você era. Agora que vinha me habituando a sua nova versão, tanta coisa aconteceu. Sinto saudade da sua voz, do seu jeito, do seu toque nas minhas mãos. 

Não sei quando vamos nos ver de novo. Em mim tudo dói. A vida não é justa. Quis tanto proteger as pessoas de um sofrimento maior, mas tudo caiu por terra. Fui traída por quem eu tanto confiei. Sou uma decepção. 

Meu desejo maior seria acabar com tudo isso, mas não tenho esse direito. Preciso crer que o tempo vai ajudar nessa difícil tarefa de que as coisas se acertem! 

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Tem horas que eu queria que a vida fosse só um pedacinho do dia, que o resto fosse silêncio e escuridão. Ou que a gente pudesse controlar os momentos que a gente fosse viver. 


Meu peito dói e minha vontade é de chorar. Chorar até se inundar e dormir, sem saber que horas peguei no sono. 


Eu queria tanto entender o porque eu me sinto tão pequena, tão sem lugar. Meu desejo era me sentir plena e capaz. Queria não sentir essa obsessão e acreditar em mim. 


Já não sei mais como controlar a ansiedade e nem como ser uma pessoa melhor no meu cotidiano. Sinto que falta cor em meus dias. 


Hoje não chove, mas mesmo assim, nada apetece. 

domingo, 6 de dezembro de 2020

Às vezes sou inundada por uma insegurança absurda. Sinto meu corpo gelado e tudo dói, até o coração. 


A vida é tão incerta, tão injusta! Por quê tantas coisas acontecem sem que a gente encontre explicação? 


Meus olhos estão cheios d’água. Minha garganta tem um nó. Minhas mãos tremem e eu só consigo sentir as lágrimas rolando pela minha face. 


Queria conseguir falar, traduzir toda essa ansiedade em palavras libertadoras. Não consigo. Chove, nada apetece. 


Espero o tempo passar e sigo tentando mudar. Faço inúmeras tentativas pra me sentir segura, me sentir potente, me sentir capaz. As pessoas não enxergam. Acham que falta força de vontade. Mal sabem elas que passar por cima de tanta coisa e estar aqui já demandou tamanha energia. 


Mas eu sigo tentando. 


quarta-feira, 28 de outubro de 2020

É tão difícil ressignificar as coisas. Meu corpo dói tanto. Meus olhos ardem por conta das noites sem dormir. Minhas memórias são tão doloridas. 


Eu só precisava esquecer todas essas feridas. Eu precisava aprender a aceitar as coisas e seguir, mas eu não consigo. 


Por quê as coisas precisam ser assim?! Por quê as pessoas tem tanto medo? Um dia tudo acaba e daí só teria valido a pena tentar!


Eu queria tentar. Não pudemos. Sonhos viram pesadelo. Desejos viram dor. Amor vira dúvida. Tudo vira nada?! Não sou capaz de falar por mim. Minha boca diz uma coisa e meu coração não aceita isso, diz outra. 


Choro. Nada mais apetece. Fim. 

terça-feira, 27 de outubro de 2020

As vezes penso que perdi o prazer com a vida de modo geral. Não tenho vontade de conversar, de contar novidades (até porque elas nem existem!), nem de compartilhar nada. 

Depois que minha mãe se tornou outra pessoa devido a depressão, eu penso que isso pode acontecer com qualquer um e isso me dá medo. Tenho medo de amar. Tenho medo de atender o telefone e ser um parente próximo que eu não falo há meses. 


Minha vida tem se resumido ao meu dia ocupado pelo trabalho, a um livro ou outro que eu pego pra ler, pois também acabei com as redes sociais. 


Nos últimos tempos eu tenho me sentido muito angustiada. Queria tanto poder voltar ser aquela pessoa animada e disposta para tantas coisas. 


Não me sinto doente, mas me sinto num lugar diferente. Ora me sinto sufocada. Ora me sinto sem chão. Ora me sinto com medo porque eu sinto o quanto estou sendo julgada pelas pessoas, mas, ao mesmo tempo, o quanto elas estão gostando de ficar neste lugar. Longe do problema não se vê o problema. É isso que eu acho que algumas pessoas fazem.


Tudo dói dentro de mim. 


Dizem que o tempo ajuda a curar muitas coisas. Mas por que ele tem sido tão cruel? Quanto tempo? Quanto tempo mais eu vou me sentir assim? 

sábado, 24 de outubro de 2020

A gente faz um monte de planos.  A gente tenta controlar tudo. A gente se prepara e acha que vai ser de um jeito. 


Daí vem a vida e muda tudo. 

Mostra que aquele vestido que você comprou pensando em usar num dia especial, é pra usar num dia comum. 

Mostra que aquela decoração que você comprou não é pr’aquele lugar. 

Mostra que o coração vive brincando com a gente e nem sempre a razão tem razão. 


A ansiedade tem me torturado. Nunca imaginei sentir essa angústia que não tem explicação. Ou melhor, nunca achei que encontraria tantas explicações pra essa angústia. 


Meu corpo dói. Minha cabeça dói. Meu coração dói. E eu só queria poder me sentir em paz. Queria minha mãe sorrindo, meus sonhos se realizando. Meu coração quieto e feliz ao lado de TUDO o que me faz bem. 

domingo, 20 de setembro de 2020

Tudo ainda é tão diferente. Seu olhar nunca mais foi o mesmo e meu corpo todo ainda dói de saudade, de vontade de voltar no tempo só pra poder ter aproveitado mais daquela doçura de antes, porque agora é uma doçura diferente. 


Para mim tudo mudou. Sinto-me toda fragmentada e sem saber se um dia voltarei a ser inteira. Nunca imaginei que a gente passaria por tantas coisas difíceis e tão doloridas. 


Sinto tamanho desejo de que as coisas desaparecem da minha cabeça. Que todas essas lembranças difíceis sumissem da minha mente porque isso tudo me dói. 


A ansiedade tem sido minha pior companheira e eu nunca imaginei que fosse algo tão profundo. Nunca imaginei me sentir verdadeiramente doente. Nunca imaginei sentir falta de ar, crises de choro, medo de não conseguir suportar. 


Até onde eu vou conseguir chegar? Até quando vou me sentir testada pela vida?

sábado, 29 de agosto de 2020

Tenho ensaiado muito pra escrever este texto. Quase todos os dias eu rememoro o dia em que estive na casa da minha tia e ainda não consegui falar com ela sobre o quão difícil foi isso pra mim. 


Tentei me arrumar. Mostrar aparência normal. Mas por dentro tudo doía e sangrava. Há muitos meses eu não via ninguém da minha família. 

Algumas mensagens me feriram há tempos atrás. As cobranças eram demais pra mim e eu não soube lidar com tudo isso. 


Tenho feito tudo o que está ao meu alcance. A ansiedade veio nesse combo de incertezas e medos. As crises me ferem muito e eu só desejo me isolar. Eu não tenho vontade de estar com ninguém. Não quero responder e ver ninguém. 


Naquele último sábado se não fosse o acolhimento da Júlia, as palavras dela sempre tão sábias, não saberia sorrir e chorar. Não saberia aceitar que a vida continua e eu ainda tenho família. 


A Júlia me disse sobre “escolhas” e eu ainda tento digerir cada palavra, cada lágrima que consegui deixar rolar quando naquele instante me desarmei. 


Nunca imaginei passar pelo que estou passando. Ainda acho a vida muito injusta e nada faz sentido. Lembro da minha infância, da vovó doente, dos curativos que ela precisava, da dor que ela sentia e das madrugadas que eu ficava acordada indo chamar minha mãe pra acolhê-la.

Depois tive a rubéola. A família tinha medo de pegar a doença e eu fiquei muito ressentida com isso. Não via ninguém. Fiquei meses sofrendo sem saber bem o que era, com suspeita de lúpus. Minha mãe, que já tinha passado por tanta dor desde criança, passou por mais essa comigo. 


Em mim ainda vive muita mágoa. Sinto coisas que não sei expressar nem mesmo com palavras. Queria ter o dom do esquecimento e conseguir destruir uma série de memórias. 


Tenho medo de não conseguir me libertar. Tenho medo de não conseguir aceitar a nova realidade da minha vida. Ainda dói a memória de não conseguir chegar e ser só a Thatha. 

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Tudo virou escuridão novamente. Mais um pedaço de mim se foi com as notícias de hoje. 

Sinto que ela está partindo aos poucos. 

Sempre me lembro de uma vidente que disse que ela iria embora cedo. Já não sei se ela já se foi ou não. 


Eu sinto o meu corpo dormente e uma vontade imensa de fugir disso tudo. Queria me enfiar num buraco e depois de uma longa caminhada chegar num lugar onde eu fosse estranha. 


Queria ser estranha de mim mesma. Queria me encontrar e acreditar que um dia eu seria feliz novamente. Já não consigo ter planos. Já não desejo estar repleta de pessoas. Eu só desejo me encontrar. 


Minha cabeça só ecoa “porquê? Porquê?”.

sábado, 25 de julho de 2020

Cada vez mais eu entendo o desejo de morte de algumas pessoas. A dor é tão grande que a gente só deseja sumir, deseja morrer, deseja desaparecer ou virar pó. 

Hoje foi mais um daqueles dias péssimos. Horríveis. Minha mãe voltou aquele estágio de catatonia e quase não fala mais comigo. 
Passam das 22h e meu pai fez uma ligação de vídeo. Ela não quer falar. Não quer abrir os olhos. Não quer se mexer. Seu braço direito está quebrado. Saí de lá há poucas horas. Por que isso? 

Meu corpo dói. Minha cabeça parece que vai explodir. Eu não tenho mais vontade de estar aqui. Já faz mais de um ano. Esse pesadelo não tem fim. 

As pessoas são hipócritas. Elas dizem se importar, dizem estar ali, mas, no fundo, tudo é discurso. Estamos sozinhos nisso tudo. 

Não tenho vontade de ver minha família. Não tenho vontade de conversar. Não tenho vontade de nada, a não ser sair desse inferno que a vida se tornou depois da depressão da minha mãe. Só desejaria estar trancada num buraco fechada em mim mesma. 

Nenhum sorriso agora é puro ou feliz. Às vezes dá tristeza por ter estado feliz. Afinal, como ficar feliz em meio a isso tudo? Como conseguir pensar em ser feliz quando a nossa felicidade foi adormecida, quando toda a doçura virou amargura, quando todo o amor parece ter se tornado indiferente.

A depressão maltrata. Ela transborda da pessoa depressiva e começa a minar todas as forças, inclusive dos arredores. 

Onde é que foi parar a minha mãe? A minha mãe de verdade não era assim. Ela jamais entregaria os pontos como fez esta. E eu? Onde eu me perdi? Será que ainda consigo me encontrar?

sábado, 11 de julho de 2020

Às vezes dá vontade de escrever sobre essa angústia que é ter que lidar com a ansiedade. Já não posso mais dividir isso com outras pessoas porque eu as faço mal. 

Ontem foi um dia péssimo! Tive uma crise horrível. O coração acelerado, o choro que eu não conseguia conter, as mãos suadas e o medo. Às vezes é um medo que eu não sei de onde vem e nem  do que é exatamente. Então, tem sido recorrente, ter mais crises de enxaqueca e nestes momentos eu só queria sumir. Por hoje, mais uma noite sem dormir. 

Por que será que a nossa vida pesa tanto? Por que eu não consigo simplesmente agir de forma que as coisas não sejam tão dolorosas pra mim? 
É ruim quando você está sofrendo e alguém menospreza o que você sente. É ruim quando você está chorando e ouve alguém sendo bruto com você. 

Ansiedade não é frescura, não é manha, não é pra chamar atenção. A ansiedade dói, desgasta, faz mal, aumenta os problemas e some com as soluções. 

Se uma pessoa já está há algum tempo tratando a ansiedade e parece que nada mudou não pense que é por falta de esforço ou vontade. Tenha certeza de que tudo o que essa pessoa mais quer é se livrar dessa dor. 

Hoje nada apetece. 

sábado, 30 de maio de 2020

Está muito difícil. Tenho chorado quase diariamente e perdi o desejo de fazer todas as coisas que adorava fazer, como cozinhar, ler, conversar com pessoas queridas. 

Há mais ou menos 1 ano atrás minha mãe foi diagnosticada com depressão. De lá pra cá quanto sofrimento e quanto julgamento. No começo tudo parecia que iria se controlar. Mas o quadro foi se agravando pra depressão psicótica. Foram 98 dias internada direto. Passamos Natal, meu aniversário, Ano Novo, enterro de familiares, tudo longe. Fiz um diário destes 98 dias, com todos os acontecimentos e sentimentos diários, os mais tristes, até então, em toda a minha vida. 

Briguei com pessoas que eu imaginava serem diferentes, mas que me julgaram sem nenhuma empatia, me acusaram de omissa, mesmo fazendo tudo o que estava ao meu alcance, além do meu adoecimento, que foi inevitável ao vê-la nessa situação. Mas ninguém quer saber disso. As pessoas só querem julgar e falar o que vem na cabeça. As pessoas são egoístas, elas são más. 

É muito fácil não ter envolvimento emocional e ficar dizendo: “você precisa reagir”, “você tem que querer”. Isso é cruel! Muito cruel! Isso só aumenta a sensação de impotência de qualquer pessoa deprimida. Ou, no meu caso, me deixa ainda mais ansiosa. 

Às vezes as pessoas usam a palavra “depressão” pra qualquer chateação e isso tem confundido muita gente. É preciso saber o seu significado. Uma pessoa depressiva fica num estado de profunda tristeza e desesperança. Não é falta de ânimo, não é falta de boa vontade. 

Conviver com uma  pessoa depressiva requer muita paciência. Paciência que eu não tive em vários momentos em que surtei e só conseguia chorar e querer fugir. Gritei! Questionei a vida! Quis desaparecer! Mas isso não importa para as pessoas que só querem julgar e não fazem nada de útil em prol de quem está precisando. 

Houve um tempo em que minha mãe dizia que eu havia morrido. De certa forma, morri. Aquela filha tão alegre e carinhosa já não encontrava sua mãe tão disposta e solícita. Nós morremos e nos perdermos em algum lugar que já não conseguimos retornar. 

Por favor, não me digam pra reagir. Não me peçam pra ser forte. Não me diga que eu preciso me distrair. Respeitem o meu momento. O meu silêncio. O meu direito de estar triste com tudo isso. 

quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

9

O ano de 2019 está acabando e eu não via a hora deste momento chegar.  Não que as coisas mudem de um dia pro outro, mas porque já cansamos deste ano e chegou o momento de buscarmos renovação. 

Estive pensando que os anos que terminam com 9 nunca foram muito bons pra mim.

1999 foi o ano que a vovó morreu. Eu era pequena e me lembro de não compreender a morte. Foram meses chorando, pedindo ajuda, com noites em claro, até entender que tudo tem fim. 

2009 foi o ano em que eu não conseguia decidir o meu curso na faculdade. 2 cursos começados. Foi um ano de buscas e muita frustração até encontrar minha grande paixão: a literatura. 

2019 foi este ano que minha mãe adoeceu e eu olho pra trás buscando as respostas pra tudo isso. Até o momento não encontrei muitas explicações, mas com a terapia a minha vida parece ter ficado mais transparente. Foi um ano de dor, mas de aprendizado também. 

Sigamos com o desejo e a crença de que tudo pode mudar, inclusive nós mesmos. Que em 2020 tudo mude! Afinal, “nada é permanente, exceto a mudança”, já dizia Heráclito. ♥️